14 de setembro de 2013


Conheci Eric Musashi em 2009, se não me engano. Naquela época eu era um aspirante a escritor, um garoto com menos experiências do que tenho hoje. Tempos de Orkut, de MSN, lan house, colégio. Ele ainda não havia publicado o primeiro livro da dualogia, mas conversar com ele e notar sua empolgação quanto a nomes, títulos, dados históricos, dominando cada aspecto de suas obras... cara, aquilo me mostrou que há bons autores.

Mas, deixando a amizade de lado, gostaria de falar um pouco sobre Os Herdeiros dos Titãs - A Mão do Destino, que conclui a trama iniciada em De lutas e ideais. Se no primeiro livro, com pouco mais de 350 páginas, conhecemos as razões de Arion e Téoder terem se afastado, ao mesmo tempo que somos apresentamos a personagens singulares e lugares saídos de um continente há muito perdido, no segundo somos convidados a participarmos de jornadas colossais. Não apenas aquelas que supostamente podem alterar o futuro de Grabatal, como aquelas que alteram nossos destinos.

Enquanto personagens importantes de De lutas e ideais morrem ou se tornam menos frequentes, outros se destacam como nunca. Antes o que era empatia se torna comoção e misericórdia; os antagonistas se tornam anti-heróis. E novos personagens aparecem, criando um romance russo que orgulharia qualquer louco, pois uma coisa que o autor não teve pena foi de matar geral. Acredite em mim: ele só não matou todo o continente porque não teve mais 20 ou 30 páginas. Se bem que...

O desenvolvimento dos personagens se dá por meio de situações que mostram que até os heróis falham, pois são humanos. Por trás das lendas de suas bravuras existe um homem ou mulher, alguém que ama e odeia, que sofre, alguém que se assemelha muito a nós. E assim somos apresentados aos inúmeros rostos que personificam a humanidade.

Como eu disse, esta é uma história de jornadas. Téoder e um exército colossal rumo às Planícies Proibidas, a terra dos últimos dragões, dos trigueiros; Arion, aquele que pode definir o curso do continente, no fim de uma busca e no começo de outra. Há outros personagens que estão em suas jornadas, e foi gratificante acompanhá-los, mas aqui o que importa mesmo é como pai e filho se reencontram para um destino de tragédias.

As batalhas são de simples golpes a guerras contra exércitos. Táticas de combate ocorrem, planos de fugas, traições. Contudo, isso é para quem curte batalhas contra humanos. Para mim, o momento mais épico foi a pancadaria contra os dragões, pois, cara, dragões são o ápice de histórias de jornadas. E nisso o Eric não me desanimou. E a carnificina cuida de reduzir o número de nomes a ter de lembrar... e dali em diante, o livro avança para um campo audacioso.

Lembra-se que falei sobre Arion ser alguém que poderia definir o curso de Grabatal? Então, depois de ser forçado, por assim dizer, a abraçar sua missão, que desde o primeiro livro é mencionada. Aqui é o cume de tudo, o clímax de eventos que muitos ignoraram (inclusive eu). Semelhanças com profetas, apóstolos, homens santos e messias não são coincidências.

O livro termina com epicidade. Soluções inteligentes, ramificações para futuras obras. E sentimos saudades dos personagens, sobretudo de Quetabel, que começa como aquela filho de quenga que odiamos e finaliza como uma frágil garotinha. E de Grabatal, a terra onde homens e mulheres podem se orgulhar de serem chamados de "filhos dos Titãs".

De 0 a 10, ganha 9,9 (eu daria 9, pois tem uma morte lá que o Eric sabe que não curti nada, apesar de servir para o desfecho da trama).

P.S.: O apêndice é um prato cheio, aliás, com detalhes sobre a mitologia, a cultura, as raças principais, nomes originais dos personagens e lugares, vocabulário, pronúncias e outras coisinhas mais. Uma cereja no bolo, por assim dizer.


Autor: Eric Musashi
Gênero: Ucronia, FC, Aventura
Editora: Giostri
Nº de páginas: 500
Comentários gerais: A capa agora não seja (piadinha interna). A edição ágil do texto, baseando-se em comentários que o autor recolheu do primeiro livro, ajudou a tornar a leitura muito dinâmica e divertida.

Uma obra que surpreende pela profundidade.


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